terça-feira, 28 de maio de 2013

Feliz Cumpleaños

Hoje, dia 22 de maio, completo 44 anos. Muito obrigado aos que se lembraram e me enviaram os parabéns. Tenho espírito aventureiro e passar o aniversário aos pés do Fitz Roy é uma sensação incrível.

Bom, deixando as emoções um pouco de lado, acordamos por volta de 11:00h, depois de uma noite em meio à ventania e um pouco de chuva e também de água neve. O vento fazia uma sinfonia.

Liguei o computador, atualizei o blog e recebi notícias da Diva. Ela não está nada bem. Em breve irá descansar. Está sendo muito bem amparada por uma legião de amigos que nem sabemos como iremos agradecer.


O melhor presente do meu aniversário nos foi enviado pela Renata, veterinária que está cuidando da Diva, e pelo Gilson, auxiliar de veterinária da clínica. Foi muito bom ver a carinha da Diverga. Muito obrigado Renata e Gilson.


Fui conversar com Hugo, proprietário das cabanas. Falei sobre ficar um dia a menos em El Chaltén, pois quando fizemos o planejamento da viagem, não nos atentamos para o tempo de regresso de El Calafate até Ushuaia de ônibus. Seriam 18 horas de estrada. Como já tínhamos reserva em Ushuaia, tentei negociar com Hugo um dia a menos. Não teve problema algum com Hugo, ele é uma pessoa muito gente boa e aceitou de cara a mudança nos planos, sem que tivéssemos que pagar multa nenhuma.

Tomamos uma sopinha instantânea, sim, uma só para os dois, era a última do pacote. Este era o aviso que precisávamos renovar a dispensa.

Saímos de casa rumo ao supermercado. Um frio de trincar os ossos. Andamos pela cidade e podemos dizer que aqui é o novo oeste. El Chaltén foi fundada em 1985, novinha de tudo. É famosa pelos ventos que sopram do oeste.




Não havia ninguém na rua, parecia uma cidade fantasma, só faltou a musiquinha country do velho oeste.



Caminhamos até próximo à rodoviária, andando 2km, extensão da cidade inteira. Apesar da cidade ser minúscula, não encontramos o supermercado. Achamos uma paneteria, entramos e pedimos 2 empanadas de carne e duas de frango, foram devoradas ali mesmo, quentinhas, enquanto conversávamos com o dono do local sobre as trilhas a fazer. El Chaltén também é a capital do trekking e da escalada.




Duas destas trilhas se iniciavam a 500 metros dali. Uma é a trilha El Mirador de los Condores e a outra, El Mirador de las Águilas. Tive que convencer Célia a nos aventurarmos nesses senderos. Eu ia perguntando e caminhando em direção à trilha, Célia ia reclamando de frio, da trilha, do vento. Continuávamos caminhando em direção ao sendero.



O bom da Célia, é que ela reclama, mas vai. Tem que ter um pouco de paciência, mas dá para convencê-la e, depois que ela vai, volta feliz por ter ido. Tanto é que amanhã iremos fazer o sendero do Fitz Roy, já está tudo combinado.

Saímos da cidade e a 100 metros entramos no parque nacional dos glaciares. Ali iniciava a trilha para os miradores das imponentes aves.










Começamos a trilhar o caminho, muito suave, uma trilha que até a dona Laura toparia fazer. O vento estava forte. O frio também não perdoava. A previsão meteorológica para hoje é de neve, neve de verdade.




Quanto mais caminhávamos pela trilha, mais íngreme ela ficava. Célia embaçava em alguns trechos, mas era só dar a mão a ela e prosseguíamos.

Chegamos ao pico da montanha. A vista daqui de cima é espetacular.






Daqui de cima não avistamos Condores, vimos apenas dois enquanto subíamos a trilha.

O dia estava meio nublado, não víamos o pico do Fitz Roy e nem um glaciar colgante que em dias lindos se vê.

No pico da montanha estava um rapaz argentino que pediu que eu tirasse uma foto dele. Tiramos umas fotos para nós também e fomos fazer a trilha do mirante das águias.







Na plaquinha de indicação da trilha El Mirador de las Águilas, a caminhada seria de 30 minutos. Célia reclamava. Eu dizia, conforme o rapaz que nos pediu para tirar fotos dele, que nesta trilha não haveria vento, o que melhora muito a condição de frio. Eu continuava caminhando pela trilha. Convenci Célia a fazê-la. Eu disse que seriam 15 minutos para ir e 15 minutos para voltar, por isso estava na plaquinha 30 minutos. Não era verdade, mas deu certo. Lá fomos nós, desta vez, morro adentro.

 Caminhamos mais ou menos uns 200 metros e realmente o vento parou. Nesta trilha, avistamos dois condores, voando acima dos picos dos morros.





Após 30 minutos, chegamos ao mirante das águias. Outra vista espetacular. Podíamos avistar a grande estepe com algumas vaquinhas pastando, o lago Viedma e, ao fundo, alguns picos nevados. Paisagem de quebra cabeças de 1500 peças.







Ficamos comtemplando a vista mais ou menos meia hora. Pegamos a trilha de volta e tiramos mais algumas fotos.










Agora sim, o objetivo era o supermercado. Nem adiantaria ter ido antes, o super só abre após as 16:30h. Andamos um pouco pela cidade procurando. Uma igrejinha muito simpática me chamou a atenção. Era de Nossa Senhora da Patagônia.


Após algumas quadras, perguntei a um chico onde ficava o supermercado. Ele prontamente apontou para a esquina e disse: "ayá, en la tienda roja". Lá estava o El Gringuito, um mini mercado. Estava fechado, mas lemos na porta que abriria às 17:00h. Um rapaz que esperava na frente nos disse que em momentos o super abriria. Não passou nem um minuto e os donos chegaram e abriram. Fizemos nossa provisão e fomos para casa. Compramos para o jantar, café da manhã do dia seguinte e para fazer os lanchinhos que comeremos na trilha do Fitz Roy.

No caminho de volta, avistei em cima de uma placa do restaurante El Muro, três loicas, um pássaro muito bonito da região e que dá nome à rua da nossa casa.






Chegamos na cabana e, ao ler as instruções do purê instantâneo, Célia viu que precisaríamos de leite, porém não havíamos comprado. Bora colocar as roupas de frio novamente e descer para comprar o leitinho. Achamos um bazar bem pertinho, a três quadras. Compramos um leite e aproveitamos para trazer uma caixa de vinho extra. O dono da loja nos disse para não misturarmos as duas bebidas. Célia respondeu que o leite seria para mim e o vinho para ela. O dono concordou com a divisão.





Agora, sim, em definitivo para casa. Chegamos e, enquanto Célia preparava o jantar, eu fazia os lanchinhos para o dia seguinte. O menu da noite foi: bife, ovos mexidos, purê de batatas e salada de alface e tomate. Para acompanhar, claro, um belo vinho argentino.

Jantamos, fui colocar as fotos no Picasa e saber mais notícias da Diva. De repente, Célia gritou: "está nevando. E desta vez é neve de verdade!". Saímos para a frente da cabana e ficamos vendo a neve cair. A cada 3 minutos mais ou menos tirávamos uma foto. Rapidamente a paisagem começou a se transformar e ficou tudo branco.







Fiquei muito feliz, era a minha primeira neve de verdade, e bem no dia do meu aniversário. Resolvi então, fazer um boneco de neve.






Peguei uma pá para juntar a matéria-prima e comecei a fazê-lo. Em 10 minutos, meus dedos estavam congelados e minha roupa se molhando. Astutamente, peguei minha capa de chuva e minhas luvas de couro nada impermeáveis.









A neve não parava de cair, ela se amontoava nos galhos das árvores e em cima do chulengo, uma churrasqueira típica daqui e que temos em frente de casa. A esta altura, já tinha uns três ou quatro centímetros de neve acumulada. Consegui fazer o boneco de neve. Fiz tudo sozinho enquanto Célia tremia de frio na varanda, mas ela ajudou a pensar e coletar os adereços: olhos com tampinhas de garrafa de água mineral, cachecol e gorrinho de lã, boca de palha de aço, botões da camisa recortados de uma caixinha de papelão de sopa. Sim, da sopinha que tomamos pela manhã. Registrado o produto final, retiramos o gorro e o cachecol, pois ainda teremos que usá-los.



A neve continua a cair. Agora já são 10 centímetros de neve acumulada. Achei o boneco sem graça sem um chapeuzinho. Coloquei, então, uma panela em sua cabeça. Decidi colocar também uns bracinhos feitos de ramos de pinheiro.


Entramos para a cabana e fui tirar os tênis e as roupas molhadas, Célia me preparou um chá bem quentinho. Tomamos mais vinho e continuamos a escrever o blog no bloquinho. Bateu uma larica na Célia e ela resolveu preparar um "sanduíche" de waffles com doce de leite. O meu, eu fiz com três camadas de recheio. A neve ainda não parou. Já são 30 centímetros de gelo acumulado.







O boneco está sendo soterrado pela neve que não para de cair, já está todo deformado. Estamos preocupados se vamos conseguir sair daqui nos próximos dias.







Amanhã, se também não formos soterrados pela neve, tem mais.

Um comentário:

  1. Quando vi Neve pela primeira vez tb fiquei encantada, e tb estava na companhia da Celia.Palmer

    ResponderExcluir